De janeiro a maio foram apreendidos 2.509 telefones furtados ou roubados na capital paulista, mas apenas 1.025 retornaram para os bolsos dos...
De janeiro a maio foram apreendidos 2.509 telefones furtados ou roubados na capital paulista, mas apenas 1.025 retornaram para os bolsos dos proprietários, o que representa 41%
Menos da metade dos celulares roubados e que são recuperados pela polícia na cidade de São Paulo são devolvidos aos donos, mostram dados da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) -que culpou as vítimas pelo baixo número, entre outras razões.
De janeiro a maio foram apreendidos 2.509 telefones furtados ou roubados na capital paulista, mas apenas 1.025 retornaram para os bolsos dos proprietários, o que representa 41%.
A quantidade é inferior aos 46% registrados no mesmo período do ano anterior na cidade, segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública). A pasta, chefiada por Guilherme Derrite, não forneceu os números absolutos de janeiro a maio de 2023.
Para comparação, nos primeiros cinco meses de 2024, 58 mil aparelhos foram roubados na cidade, uma diminuição de 24% em relação a 2023.
O número de aparelhos recuperados são da Operação Mobile, criada pelo governo estadual para combater o roubo de celulares. Por isso, ela concentra as devoluções. A secretaria afirma que é possível que alguns telefones sejam entregues aos donos pela polícia sem ser parte da operação, mas não há dados disponíveis sobre eles.
Questionada sobre os problemas enfrentados para entrega dos objetos, a gestão Tarcísio elencou os motivos que dificultam essa ação. "Para realizar a devolução de forma segura é necessária a identificação do Imei [uma espécie de RG do aparelho] que, quando alterado de forma criminosa, impede a identificação da origem. Há ainda o desinteresse dos proprietários por várias razões, como a distância do local onde o crime ocorreu da atual moradia ou porque já receberam novos aparelhos da seguradora".
Conforme a Polícia Civil, a apreensão de um celular envolve um trabalho investigativo até a identificação do dono e a devolução. "Em casos em que o aparelho é usado para a prática de crimes, por exemplo, ele permanece apreendido por um prazo de aproximadamente 90 dias, conforme determinado no artigo 123 do Código de Processo Penal, como prova até a finalização do inquérito policial e deliberação judicial", acrescentou a pasta através de nota.
A polícia afirmou que usa todos os meios disponíveis para fazer contato com os donos dos aparelhos, incluindo intimação judicial. Caso o proprietário deixe de comparecer no local indicado, é aberto um procedimento e o aparelho é encaminhado ao Judiciário para ser destruído.
"São Paulo, embora pareça que tem um esforço para lidar com esse crime, não tem um investimento tão estruturado para melhorar esse processo de mapeamento do Imei. Me parece que tudo é muito manual ainda. Não tem um processo automatizado, diferente do que tem no Piauí", disse a diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo.
O estado do Nordeste tem obtido resultados significativos na recuperação de celulares, algo que chamou a atenção do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. Ele determinou que as ações do Piauí sejam incorporadas no novo programa federal sobre o tema, o Celular Seguro.
O superintendente de Operações Integradas da Secretaria da Segurança Pública do Piauí, delegado Matheus Zanatta, disse à reportagem que o combate ao roubo de celular é uma prioridade no estado.
"Para isso nós criamos um projeto de celular que tem três vieses. O primeiro viés são as blitzes, onde nós fizemos a abordagem veicular, pessoal e ao final verificamos o Imei do aparelho do abordado". Conforme Zanatta, o método resultou na apreensão de 50 aparelhos com restrição em um único final de semana.
"O segundo viés são as intimações em massa, onde nós disparamos em massa intimações via aplicativo de mensagem para pessoas que estão na posse de celulares com restrição, para elas virem até a secretaria devolver esses celulares".
Ambas situações só foram possíveis após a criação de aplicativos para auxiliar no trabalho policial. Um deles é usado para verificar o Imei do aparelho e comparar o número com um banco de dados, que aponta se o telefone tem algum registro de roubo. Um segundo programa faz os disparos em massa para pessoas com telefones com restrição.
Conforme Zanatta, através dele é possível enviar 10 mil intimações em apenas um minuto.
O terceiro braço da ação policial é o das operações contra lojas físicas e virtuais que receptam e comercializam celulares roubados ou furtados. Ao menos 80 comércios já tiveram suas atividades suspensas, e 40 empresários foram presos.
Já a restituição dos objetos recuperados é feita em grande escala, após anúncio em editais. Em junho, por exemplo, 700 pessoas receberam seus aparelhos.
Dados disponibilizados pela Secretaria da Segurança Pública do Piauí apontam que cerca de 7.300 aparelhos foram roubados ou furtados no estado no primeiro semestre deste ano, do qual 3.808 foram recuperados. No mesmo período de 2023, tinham sido 10.500 aparelhos roubados e furtados, com 925 recuperados.
O Piauí ao todo tem 3,3 milhões de habitantes, o equivalente a pouco mais de um quarto da população paulistana.
Representantes da gestão Tarcísio foram até o estado nordestino para conhecer o programa.
Em nota, a Secretaria de Segurança de São Paulo disse que a comitiva foi formada por policiais civis e militares "Na ocasião, os agentes paulistas, assim como de outros estados brasileiros, presenciaram a devolução de celulares apreendidos em operações deflagradas no Piauí e participaram de uma palestra sobre a metodologia e as ferramentas de inteligência utilizadas nessas ações".
"Vale destacar que a ação foi uma troca de experiência interestadual a fim de aperfeiçoar o combate aos roubos e furtos de celulares, que no estado paulista já vem apresentando bons resultados. Deste modo, não há qualquer acordo de cooperação e sim um compartilhamento de informações", diz a nota.
FONTE: FOLHAPRESS
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