Apenas neste ano, já foram cerca de 2,6 milhões de doses aplicadas. Número cresce com ações em escolas e espaços públicos de grande movim...
Apenas neste ano, já foram cerca de 2,6 milhões de doses aplicadas. Número cresce com ações em escolas e espaços públicos de grande movimentação.
Desafios, ganho constante de conhecimento e orgulho. É assim que servidores da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) encaram os 50 anos do Programa Nacional de Imunizações (PNI), uma iniciativa nacional criada em 1973 com o objetivo inicial de reduzir a mortalidade infantil e que, atualmente, promove saúde para todas as faixas etárias.
Em 2023, o DF celebra a data com a aplicação de cerca de 2,6 milhões de vacinas em oito meses e meio, sendo 38.600 em ações realizadas em 232 escolas, e 64.350 em outras atividades externas, como em feiras, parques, shoppings e por meio do Carro da Vacina. Foram 750 mil doses contra a covid-19, 895 mil contra a Influenza e 940 mil da denominada vacinação de rotina, como é chamada a imunização por faixa etária prevista pelo calendário anual, hoje com 20 tipos diferentes de imunizantes previstos.
A oferta de imunizantes nem sempre foi tão grande. Quando as ações foram iniciadas em Brasília e no restante do país, ainda no começo dos anos 1970, eram apenas quatro tipos de vacinas: BCG (tuberculose), poliomielite, sarampo e a tríplice bacteriana. Também havia campanhas específicas de grande escala, como contra a varíola e a febre amarela. À época, além da publicidade, casos de doenças assustavam a população.
“A gente viveu um período importante em termos de imunização. Trabalhamos muito”, conta a técnica em enfermagem Maria de Fátima da Silva, aplicadora de vacinas no DF entre 1981 e 2013. Ela lembra do temor que havia com a poliomielite, cujo último caso foi confirmado no Brasil em 1989, dois anos após o fim da doença no DF. “Os pais viam aquilo acometer as crianças e queriam muito vacinar seus filhos”, relata.
Maria de Fátima conta que, além da grande adesão, também houve um esforço enorme na busca ativa de quem estivesse com o cartão de vacina em atraso. “Se uma criança agendada não comparecesse, no dia seguinte um agente de saúde ia em busca da família”, lembra.
Hoje, aos 63 anos, a servidora aposentada diz ter orgulho do seu papel nas campanhas de vacinação. “O sentimento que eu tenho é que fui muito importante para a sociedade”, afirma.
Com otimismo, ela vê com bons olhos uma mudança no perfil do público. “Quem procurava a vacinação era sempre a mãe ou a avó materna. Hoje, vemos avô, pai, tio. Isso é muito positivo, temos que aproveitar isso”, opina.
Evolução de estratégias
Essa ampliação dos públicos de interesse na vacina também é relatada pelo enfermeiro Lucas Soares, atualmente da equipe da Unidade Básica de Saúde (UBS) 8 de Ceilândia. “Hoje há grupos de adolescentes que vêm sozinhos, como um passeio entre amigos”, comemora.
Para o servidor, apesar de ter havido disseminação de fake news após o início da campanha contra a covid-19, a procura sempre se manteve elevada – ele chegou a aplicar mais de 300 doses em um único dia. O principal legado é: quem não ia a uma unidade de saúde há anos também percebeu a necessidade de completar todo o calendário vacinal. “As pessoas viram que é necessário e se conscientizaram”, pontua.
No dia a dia, ele conta ter animação especial pelas chamadas ações extramuros, quando as equipes da SES-DF são mobilizadas para atuar em espaços como feiras, praças, parques e shoppings. As escolas, porém, estão em primeiro lugar na sua preferência. “Um menino de 10 anos ficou tão feliz em ser vacinado que voltou depois e me deu uma lapiseira de presente. Foi a forma dele de agradecer”, lembra o enfermeiro.
Com a experiência de ter atuado em hospitais, Lucas diz que um dos principais orgulhos de trabalhar em prol do PNI é poder enxergar a saúde não apenas como a cura de doenças, mas como garantia do bem-estar. “Quanto mais pessoas eu atendo, menos elas vão ficar doentes ou internadas. E eu faço parte dessa história”, celebra.
2,5 mil servidores envolvidos
A SES-DF conta com cerca de 2,5 mil servidores que atuam direta ou indiretamente nas ações de vacinação. São habilitados para a aplicação das doses técnicos em enfermagem, enfermeiros, médicos, odontólogos e farmacêuticos com formação específica. Porém, o dia a dia também inclui equipes envolvidas na definição de estratégias, diálogo com instituições parceiras, transporte, preparação das vacinas, acolhimento do público, emissão e registro de cartões de vacinação, manutenção de equipamentos, comunicação e controle de estoques, dentre outras atividades.
“O aniversário do PNI é um marco. É meio século de existência do melhor e maior programa de imunização do mundo. E isso só é possível graças ao trabalho dos servidores, dos vacinadores que estão na ponta e todos os envolvidos”, afirma a gerente da Rede de Frio Central da SES-DF, Tereza Luiza Pereira.
Avanço na logística
Localizada no Parque de Apoio da secretaria, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), a Rede de Frio Central conta com uma câmara de 63 m³ que permanece 24 horas a temperaturas entre 2º C e 8º C, índices indicados para a maioria dos imunobiológicos. Também há oito câmaras científicas de 2 mil litros e sete de 400 litros, com temperaturas ajustáveis. Completa o parque tecnológico três freezers capazes de manter o interior a -80º C e dois para -20º C. Há ainda sistemas duplicados para garantir o funcionamento e, ao menor sinal de falha, ligações automáticas são feitas para celulares de técnicos responsáveis.
A Rede de Frio Central é capaz de armazenar, se necessário, até 600 mil doses de vacinas e ampolas, tudo transferido pelo Ministério da Saúde (MS), por meio do PNI. Ao GDF, cabe a aquisição de todos os demais insumos necessários à imunização, como seringas, caixas térmicas, termômetros e os chamados “gelox”, para garantir a manutenção da temperatura.
De segunda a quinta-feira, veículos fazem a distribuição dos estoques entre UBSs e hospitais. Dependendo do porte, uma única UBS pode ser abastecida com até 20 mil doses. “A partir de 2019, houve uma renovação do parque tecnológico de toda a SES-DF. Compramos quase 400 câmaras de vacinas, tirando as geladeiras domésticas. Isso permitiu que melhorássemos a qualidade e ampliássemos a capacidade de atendimento”, acrescenta Tereza.
Com 29 servidores, a Rede de Frio também é responsável por emitir as orientações gerais para a vacinação no DF e faz o treinamento das equipes. O foco é assegurar o mesmo padrão em todas as salas de vacina e promover a troca de conhecimento entre servidores de diversas regiões, sobretudo para garantir a segurança de ações realizadas fora das unidades de saúde.
“O maior desafio é tentar dar acesso sem perder vacinas. Há aquelas que vencem muito rápido depois que abre o frasco, e, se a população não aparecer, perdemos os imunizantes”, explica a gerente da Rede de Frio. No caso da BCG, por exemplo, um frasco contém 20 doses e, após aberto, é possível utilizá-lo por apenas seis horas. Por isso, a estratégia é ter um número limitado de locais, com horário definido. Em UBSs de regiões rurais também há atendimento em dias estabelecidos.
Entre normas técnicas, cálculos e diálogos constantes sobre a melhor forma de levar a vacina para a população, Tereza diz se sentir realizada como servidora por poder atuar na área. “Não é mais um trabalho. Costumo falar que faço o que eu amo, e faço com amor. Desde que entrei na minha vida pública, eu entrego aqui o que eu gostaria que meus colegas entregassem aos meus familiares”, afirma.
Além das vacinas
Hoje, além das 20 vacinas previstas no calendário de vacinação básico, o PNI também inclui soros e imunoglobulinas de origem animal e humana utilizados para tratamentos específicos, como é o caso de picadas de animais peçonhentos. Ao todo, são 49 imunobiológicos distribuídos pelo MS e incluídos nas ações diárias de estados, municípios e DF.
Da redação com informações da SES-DF
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