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Eventos no agro, na arte e no cinema animam Brasília no fim desta semana

 Criada para ser referência para as áreas residenciais do Plano Piloto, quadra-modelo reúne o trabalho de artistas renomados e é parada ob...

 Criada para ser referência para as áreas residenciais do Plano Piloto, quadra-modelo reúne o trabalho de artistas renomados e é parada obrigatória dos amantes de Brasília

Entre os elementos urbanísticos mais notáveis da cidade planejada para ser a capital da República está a Superquadra Modelo da 308 Sul. E falar da quadra-modelo é falar de Brasília. A concepção, conforme seu autor, o urbanista Lúcio Costa, se tratava da reaproximação do habitante com o seu lugar de morada. A ideia era reunir, nas proximidades, os serviços necessários à comunidade local.

A Agência Brasília conta, nesta quinta-feira (7), a história da quadra-modelo de Brasília no #TBTDoDF – um especial de matérias que aproveita a sigla em inglês para Throwback Thursday para mostrar fatos que marcaram o Distrito Federal.

Além da arborização, os pilotis são um marco da superquadra e de Brasília | Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

A Unidade Vizinhança dentro do modelo original, que serviria de base para as outras quadras da cidade, é o conjunto que reúne as quadras da Asa Sul 107, 108, 307 e 308, um verdadeiro sítio histórico onde é possível percorrer a superquadra utópica, a Igrejinha, o Cine Brasília, o Clube Vizinhança, biblioteca, escolas e o Espaço Cultural Renato Russo. Tudo cercado de árvores e entremeado de jardins, praças e parquinhos.

Fundada em 1962, a Superquadra segue os padrões imaginados no plano original. As bases seriam a simplicidade, praticidade e o convívio comunitário. Tombada pelo Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural desde 2009, a 308 Sul abarca obras importantes das principais referências da nossa capital: paisagismo de Burle Marx, azulejos de Athos Bulcão na Igrejinha Nossa Senhora de Fátima e na Escola Parque de Oscar Niemeyer. Os nove prédios residenciais foram projetados pelos arquitetos Marcelo Campello, Sérgio Rocha, José Ricardo Abreu e Luiz Acioli.

Escola Parque 307/308 Sul em construção | Fotos: Divulgação/Arquivo Público

“Todo o discurso de Lúcio Costa traz essa reaproximação do homem com a natureza, pela altura dos prédios, o tamanho da quadra e essa ideia do chão livre, com os pilotis que deixa aberto para a passagem. Na 308 Sul, o conceito foi levado ao extremo, é a única quadra em que os pilotis se integram e grande parte da vegetação ainda é original, conforme o modelo criado por Burle Max”, destaca o arquiteto e prefeito comunitário da quadra, Matheus Conque Seco.

A obra paisagística de Burle Max é um marco e uma referência na proposta de Lúcio Costa de construir uma cidade profundamente marcada por jardins e outras áreas verdes em campo aberto. O paisagismo da superquadra toma toda a redondeza e conta com espelho d’água com carpas ornamentais, a Praça do Cogumelo para crianças, e o Serpentário.

Convívio comunitário

Além da arborização, os pilotis são um marco da superquadra e de Brasília. Os blocos residenciais estão localizados não em lotes, mas em projeções. Assim, o térreo fica desimpedido, sendo, portanto, um importante elemento de integração entre as quadras, onde todos podem ir e vir e cruzar a cidade sem impedimento de muros, passando por baixo dos blocos.

Os nove prédios residenciais foram projetados pelos arquitetos Marcelo Campello, Sérgio Rocha, José Ricardo Abreu e Luiz Acioli

“Os edifícios residenciais refletem a ideia de o espaço ser de todos ao adotarem a tipologia do pilotis totalmente aberto. Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e toda a geração que trabalhou na construção da cidade enxergavam Brasília como retrato do Brasil do futuro, uma sociedade mais igualitária, democrática. Isso não se concretizou, mas não por culpa da arquitetura. É um projeto que permite o encontro entre as pessoas”, pontua o arquiteto.

Conque conta que Lúcio Costa dizia que até o sexto andar ainda há uma grande relação com o chão, de modo que um filho que estivesse brincando embaixo do prédio pudesse ouvir o chamado que viesse da mãe, lá de cima.

Foto: Divulgação/Arquivo Público
A Igrejinha fotografada em fevereiro de 1965

Morador da quadra há mais de 60 anos, Fernando Bassit relembra alguns dos momentos na região. “Estudei aqui, ao lado do meu prédio, toda a minha infância. Naquela época, à tarde, eram dezenas de crianças brincando embaixo dos blocos e estudávamos na mesma escola da quadra”, conta Bassit. “Tenho um vínculo afetivo muito forte, ter esse patrimônio construído em área pública é uma satisfação enorme. Morar aqui é maravilhoso”, completa.

Um reduto de memória

Para além do urbanismo, a quadra é artisticamente privilegiada devido a sua importância histórica e arquitetônica, com construções tombadas como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. A tradicional Igreja Nossa Senhora de Fátima, a Igrejinha, foi projetada por Oscar Niemeyer em 1958. Nas paredes externas, é possível encontrar o trabalho figurativo de Athos Bulcão em azulejos.

A recém-inaugurada Escola Classe 308 Sul

A Escola Parque e a Escola Classe também compõem a quadra residencial com o intuito de oferecer o modelo de ensino integral pensado por Anísio Teixeira. A quadra ainda conta com o jardim de infância, que recebeu a visita da rainha Elizabeth II do Reino Unido, em 1968. O Plano de Construções Escolares de Brasília previa que a cada quatro superquadras (uma Unidade de Vizinhança) deveria existir uma Escola Parque.

Ainda integram a Unidade de Vizinhança o Espaço Cultural Renato Russo, o Cine Brasília e o Clube Vizinhança. O conglomerado de espaços é um importante ponto turístico da cidade, tão essencial que a Secretaria de Turismo inaugurou, em março de 2022, um Centro de Atendimento ao Turista (CAT), que realiza cerca de 2 mil atendimentos por mês.

 

 

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