Jovem de 18 anos foi atendido na unidade de saúde onde a mãe trabalha; além dos rins, puderam ser doados as córneas, o coração e o fígado, d...
Jovem de 18 anos foi atendido na unidade de saúde onde a mãe trabalha; além dos rins, puderam ser doados as córneas, o coração e o fígado, de acordo com desejo manifestado pelo próprio rapaz
Em 12 de janeiro, o jovem Gabriel Henrique Souza Veras, 18, saiu para jogar futebol. Ao sair do alambrado da quadra para buscar a bola, encostou em um poste e recebeu uma forte descarga elétrica. Ele foi levado para a UPA de Luziânia (GO), onde a família mora, e de lá encaminhado ao Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), a pedido da mãe, Rita de Kássia de Souza Santos, 38.
Lá, o rapaz ficou internado na UTI até 17 de janeiro, quando foi constatada sua morte cerebral. Logo naquele momento, Rita, que é técnica de enfermagem na emergência do HRSM, tomou uma decisão delicada: doar os órgãos do filho.
“Sempre soube da importância da doação de órgãos, e há um tempo, conversando com o Gabriel, ele me disse que gostaria que seus órgãos fossem doados”, conta. “Quando foi constatada a morte encefálica do meu filho, lembrei dessa conversa e autorizei a doação.”
A retirada dos órgãos foi feita no dia seguinte, 18 de janeiro. Foram doados os rins, o coração, o fígado e as córneas do jovem. “É inexplicável, uma mistura de emoções”, relata Rita. “Sei que tudo é no momento de Deus, e a vida do meu filho está salvando outras vidas. Gabriel está vivo nessas pessoas. As pessoas precisam se conscientizar sobre a importância da doação de órgãos. É uma nova chance de viver, uma esperança para quem recebe. Foi da vontade de Deus levar meu filho. Por que não ter empatia com o próximo?”
Gratidão
O processo de doação é sigiloso, mas, devido à repercussão do caso, os dois jovens receptores dos rins de Gabriel conseguiram encontrar Rita. “Foi uma grande emoção quando eles fizeram contato comigo, uma sensação grandiosa, um sentimento inexplicável”, lembra a mãe.
Mesmo em meio à dor, Rita consegue agradecer – primeiramente à equipe do HRSM, do pronto-socorro, do box de emergência, onde ela trabalha, e da UTI. “Fizeram de tudo para salvar a vida do meu filho”, declara. Ela cita o apoio que recebeu da chefe da Enfermagem, Mariane Oliveira, e as equipes de captação de órgãos do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IgesDF) e do Instituto do Coração.
“Sou grata por fazer parte desta equipe que é uma grande família. Não tive dúvidas, queria que meu filho fosse atendido lá, pois sei do atendimento de excelência e do cuidado dos técnicos, dos enfermeiros e dos médicos. Sou grata a todos”.
Ato de amor
O diretor clínico do HRSM, Ruber Paulo de Oliveira Gomes, reforça a importância da atitude da técnica de enfermagem: “Rita é um exemplo que deve ser seguido, de profissional e de pessoa que ama o próximo. O ato de autorizar a doação de órgãos é um exemplo de amor, que possibilita a chance de outras pessoas viverem e também acalenta a alma dos familiares que perderam uma pessoa querida”.
No próprio HRSM, é possível fazer captação de córneas. “A equipe do hospital fez um grande esforço para que a maior quantidade de órgãos possível do Gabriel pudesse ser doada, atendendo a um pedido da mãe”, conta Ruber Paulo. Já a retirada e o transplante de outros órgãos são feitos em outras unidades de saúde do DF, como o Hospital de Base e o Instituto do Coração. A Central de Transplantes é coordenada pela Secretaria de Saúde (SES).
“Todos os dias, nossos profissionais lidam com a felicidade de salvar vidas, mas também com a dor das perdas inevitáveis”, comenta a presidente do IgesDF, Mariela Souza de Jesus. “Eu me solidarizo com essa mãe que, diante de tamanho luto, pôs-se solidária, salvando assim outras vidas, e parabenizo os profissionais de saúde que tanto fazem pela população do Distrito Federal.”
Com informações do IgesDF
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