Fotos: Tiago Viana rojetos refletem a política pública do Distrito Junino, que visa valorizar e estimular a dimensão cultural das comemora...
Junho é mês de festa em todo o Brasil, mas o setor cultural que envolve os festejos ganha apoio e aporte financeiro no Distrito Federal ao longo de todo o ano. São diversas as ações promovidas pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) em favor dessas tradições, envolvendo desde a premiação de grupos e coletivos de quadrilhas juninas, passando pelo fomento de projetos pontuais por meio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), até o incentivo ao intercâmbio de grupos locais para outros estados. Ao todo, foram mais de R$ 3 milhões em investimentos no setor em 2022.
Tudo isso é parte da Política Cultural Distrito Junino, publicada em 2021 pelo Governo do Distrito Federal (GDF), visando valorizar e estimular a dimensão cultural dos festejos juninos e, assim, apoiar toda a cadeia produtiva que se relaciona com o segmento.
“As tradições juninas mexem com as comunidades de todas as regiões do DF, envolvidas na sua realização de junho a agosto, mas que também são impactadas ao longo de todo o ano por meio do fomento dessa cadeia de arte, cultura e muita criatividade”, explica o secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues.
Brasília possui forte influência da cultura nordestina desde o início da construção da nova capital. Ainda naquele período, pioneiros como Zé Pereira, referência quando o assunto são as manifestações juninas, deixaram seu legado aos brincantes e moradores da cidade, fazendo circuitos e caravanas culturais por todas as regiões administrativas (RAs).
A subsecretária de Difusão e Diversidade Cultural da Secec, Sol Montes, reforça a importância das festividades juninas na capital. “As quadrilhas juninas, literalmente, esquentam e movimentam nossa economia criativa. E investir nesse setor é apoiar toda a cultura popular que envolve as comunidades, dando voz a nomes e grupos promissores, que hoje estão entre os maiores, ganham destaque em todo o país. Isso gera uma ideia de pertencimento mesmo, no sentido antropológico da identificação, porque faz com que a comunidade se torne fiel a esses costumes e mantenha suas tradições”, celebra.
Impacto econômico
Já com 22 edições, o Circuito de Quadrilhas Juninas do DF e Entorno é referência quando se trata desses festejos. As apresentações se espalham pelo DF, contando com o aporte da Secec, tanto por meio do FAC quanto por termo de fomento, totalizando quase R$ 2 milhões, que permitem ao setor caminhar para a autonomia, com um corpo profissionalizado e coordenado para tocar grandes eventos.
Nos dois editais do FAC Brasília Multicultural de 2021 foram também contemplados outros dez projetos, para além do circuito da Liga Independente das Quadrilhas Juninas do DF (LINQDFe), totalizando R$ 570 mil. Destinados a ações educativas, capacitações, formações e realização de eventos, entre outros, a maioria deles já foi executada ao longo deste ano, garantindo o fortalecimento, a profissionalização e a continuidade das festividades.
Coordenado pela LINQDFe, o Circuito de Quadrilhas movimenta 38 quadrilhas juninas, efetuando pagamentos a mais de 2 mil agentes culturais, além da geração de diversos empregos indiretos ao longo de dois meses, envolvendo costureiros, setor de produção de eventos, de alimentação e artesanato, entre outros.
Empreendedora da Cozinha da Lisa, Lisane Figueiredo faz parte dessa cadeia produtiva tão positivamente impactada por esse aporte. Com a sua barraca de comidas, ela teve a oportunidade de estar presente na volta das quadrilhas presenciais em 2022.
“É uma experiência mágica trabalhar nas quadrilhas. Trabalho com alimentação há algum tempo, hoje estou aqui com uma barraca de espetinhos e me sinto muito feliz por estar aqui depois de dois anos parados por conta da pandemia”, afirma.
Foi pensando em apoiar financeiramente o segmento, tão prejudicado pelos dois anos sem apresentações, que 50 grupos e coletivos das quadrilhas juninas foram premiados com um aporte total de R$ 600 mil em edital coordenado pela Secec. Assim, cada grupo recebeu R$ 12 mil em reconhecimento às suas contribuições para a cultura do DF e permitindo que suas atividades fossem plenamente retomadas neste mês de junho.
“Estar de volta com as apresentações depois desse período mais intenso da pandemia da covid-19 é um misto de sentimentos: alegria, ansiedade e muita emoção. Depois de dois anos, o que a gente mais queria era vivenciar isso de novo. Costumo dizer que a tradição e o movimento junino correm nas nossas veias, respiramos isso, somos apaixonados pela cultura junina e amamos transmitir isso por meio da nossa arte, é muito bom estar de volta”, afirma.
E emoção é o que não falta em cada um dos espetáculos. Dimas Morais, um dos quadrilheiros do Grêmio Recreativo Arraiá Formiga da Roça, vem interpretando o noivo durante o Circuito de Quadrilhas Juninas do DF. “Depois de dois anos sem nos apresentarmos presencialmente, é impossível conter as lágrimas durante as apresentações. Temos total gratidão por estarmos aqui ajudando a organizar este circuito de quadrilhas e estamos muito ansiosos para a viagem para o maior São João do Mundo”, comemora.
A novidade para o grupo é justamente essa: também com o apoio da Secec, por meio do programa Conexão Cultura e do FAC, o grupo Formiga da Roça, que já possui 27 anos de tradição e alguns prêmios nacionais, estará representando o DF no São João de Campina Grande, na Paraíba, conhecido como Maior São João do Mundo.
O evento é realizado pela Associação das Quadrilhas Juninas de Campina Grande (Asquaju-CG), e inclui diversas apresentações entre os dias 24 e 27 deste mês. Com o espetáculo Festa na Roça, o grupo de Brasília vai celebrar a Festa da Colheita, diretamente na terra que originou suas tradições, levando 56 integrantes, incluindo a banda regional Forró de Feira, para encantar os nordestinos e trazer, de volta para o DF, uma bagagem de trocas e aprendizados.
O presidente do Formiga da Roça, Patrese Ricardo, garante que Brasília está sendo muito bem-representada. “Acreditamos que não existe solo tão pobre que a arte não possa brotar, e abrimos assim a porteira da nossa fazenda para fazer, com muita alegria e diversão, uma homenagem ao povo nordestino, que pode até perder tudo, mas nunca perde a fé e nunca deixa de acreditar”, destaca.
Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa
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