Cerca de 14,8 milhões de pessoas estavam na fila por uma vaga de trabalho no primeiro trimestre do ano. É o que mostram os dados da Pe...
Cerca de 14,8 milhões de pessoas estavam na fila por uma vaga de trabalho no primeiro trimestre do ano. É o que mostram os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) do IBGE, divulgada nesta quinta-feira (27).
No trimestre encerrado em março, a taxa de desemprego no Brasil chegou a 14,7%. É a maior taxa para a série histórica, iniciada em 2012. O número de desalentados, ou seja, trabalhadores que nem sequer buscavam uma vaga por não acreditarem que conseguiriam uma colocação, também é o maior da série histórica: 6 milhões.
Em março do ano passado, quando o país sentiu os primeiros impactos pela pandemia, a taxa de desemprego estava em 12,2%. Já no trimestre imediatamente anterior – encerrado em dezembro – a taxa estava 13,9%. Houve um incremento de 880 mil pessoas à população desocupada nos últimos três meses, o que reduziu para 48,4% ponto percentual o nível de ocupação. Isso significa que menos da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no país.
Adriana Beringuy, analista da pesquisa, lembra que a população ocupada reduziu em 6,6 milhões de pessoas na comparação com o primeiro trimestre de 2020:
— Essa redução do nível de ocupação está sendo influenciada pela retração da ocupação ao longo do ano passado, quando muitas pessoas perderam trabalho — comentou Beringuy, ao observar que os impactos da pandemia só ficaram visíveis no mercado de trabalho no final de março daquele ano.
Para além do número total de desempregados e da taxa de desemprego, outros dados divulgados hoje pelo IBGE mostram o tamanho da crise no mercado de trabalho. E, em várias dessas medidas, os números são os piores já registrados na série histórica.
Ao todo, quase 6 milhões de brasileiros (5,97 milhões) estão desalentados. São trabalhadores que estão desempregados, mas nem procuraram vaga na semana da pesquisa por acreditar que não conseguirá uma vaga. Inclui quem se acha muito jovem, muito idoso, pouco experiente, sem qualificação ou teme não encontrar vaga devido a seu local de residência. Inclui também quem não tem dinheiro para pagar a passagem e procurar uma vaga.
Os trabalhadores subocupados, que fizeram algum tipo de trabalho, mas que dedicaram menos de 40 horas semanais a isso e gostariam de trabalhar por um período maior chegam a 7 milhões. Um profissional freelancer ou alguém que faça bicos e não está conseguindo muitos serviços se encaixa nessa situação.
Ao todo, 33 milhões de brasileiros, ou 29,7% da força de trabalho do país estão subutilizados: desempregados, desalentados ou trabalhando menos horas do que gostariam. Inclui também os que estão na chamada força de trabalho potencial (procurou uma vaga, mas por algum motivo qualquer, como cuidar de um parente doente, não estava disponível para trabalhar; ou estava disponível e não procurou vaga).
Na comparação com o primeiro trimestre de 2020, houve redução no nível de ocupação em sete grupos: comércio, reparação de veículos e motos, alojamento e alimentação, serviços domésticos, outros serviços, indústria geral, transporte e construção. A ocupação cresceu somente na agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura.
As restrições à mobilidade impostas pelo agravamento da pandemia entre março e abril tendem a dificultar a retomada do mercado de trabalho e a diminuir o número de pessoas em busca de uma vaga.
Além disso, a demora até a publicação de medidas emergenciais do governo, como a reedição da MP 936, produziu reflexos negativos na manutenção de postos de trabalho. Setores da indústria e do comércio relataram demissões com a demora da publicação da medida.
Por Carolina Nalin, em O Globo
Imagem: charge do cartunista cearense Newton Silva
Da redação com informações do site: https://www.apoliticaeopoder.com.br/2021/05/brasil-tem-quase-15-milhoes-na-fila-por.html
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